A saúde mental está diretamente ligada com a resposta do organismo a diversos tratamentos, leia mais e entenda!
A saúde mental tem se tornado uma pauta cada vez mais discutida, porém, ainda é muito negligenciada, tanto por pacientes, como por equipes médicas.
E quando pensamos na saúde mental de pacientes com IRC, notamos que este ainda é um aspecto do tratamento que, constantemente, é deixado de fora. Estudos têm apontado um papel muito importante da depressão e outros transtornos mentais na qualidade de vida de pacientes com IRC, muitas vezes, superior ao papel das variáveis físicas.
Os transtornos mentais, principalmente a depressão, estão ligados à incapacitação de pacientes, baixa aderência ao tratamento da IRC, suicídio e até mesmo morte por causas naturais, devido à falta de cuidados gerais que a incapacitação carrega.
Sendo assim, entendemos que a saúde mental tem influência sobre a qualidade de vida e as condições clínicas dos pacientes que têm insuficiência renal crônica, interferindo até mesmo na evolução da doença.
Além disso, entendemos que o estado de saúde mental do paciente pode ser analisado, a fim de encontrar o tratamento mais adequado. Vamos falar sobre isso à frente.
Até 40 anos atrás, ter uma insuficiência renal era uma sentença de morte próxima. Porém, hoje essa não é mais uma realidade.
Graças aos tratamentos renais substitutivos, como a hemodiálise e a diálise peritoneal, conseguimos prolongar a vida dos pacientes com insuficiência renal, melhorando o seu prognóstico.
Agora, que sabemos ser possível viver com a IRC, temos que nos atentar a outro fator muito importante para os pacientes renais: a qualidade de vida!
E é claro que, um dos principais indicadores de qualidade de vida é a saúde mental, que influencia no processo de enfrentamento da doença. Qualidade de vida não se resume apenas a uma esfera da vida do paciente, mas à junção de fatores sociais, psicológicos e físicos.
Portanto, é possível ter qualidade de vida, mesmo que a saúde física precise de cuidados especiais. No entanto, em pacientes com IRC, a qualidade de vida é muito impactada pela ansiedade e depressão, em alguns pacientes, até mais do que pelo tratamento, que envolve mudanças de vida, de hábitos e uma grande adaptação (principalmente no primeiro ano de tratamento).
Segundo Alexander M. de Almeida, “a depressão, tem uma grande e negativa influência no modo pelo qual o indivíduo avalia a si mesmo e as situações da vida. Por isso, tem um grande impacto na qualidade de vida, tanto no período pré-dialítico, como no dialítico.”
Outro fator que observamos, com relação a saúde mental dos pacientes com IRC, é que há um aumento de pelo menos 10 vezes nas taxas de suicídio em relação à população geral.
Isso pode ocorrer pelo fato de que a depressão “distorce” o modo de enxergar e enfrentar as situações adversas da vida, trazendo um olhar mais pessimista e desesperançoso.
Talvez, seja esse o motivo que faz com que a depressão seja um dos principais fatores que influenciam na decisão dos pacientes de interromperem o tratamento renal.
Além disso, também foi possível correlacionar, através de uma área de estudos mais recente, que a forma como o paciente enfrenta os fatores estressantes (nesse caso, o fator estressante é a doença renal) também influencia muito na aderência ao tratamento.
Mas o que isso significa?
Através desse estudo, foi possível perceber que pacientes que são mais ativos no enfrentamento da IRC, que buscam se informar, superar a condição e etc, podem se beneficiar mais de tratamentos como a diálise peritoneal, que exigem uma participação mais ativa do paciente.
Já os pacientes que são mais passivos, evitam enfrentar a realidade da IRC, podem se beneficiar mais da Hemodiálise, que não exige que o próprio paciente realize os cuidados consigo mesmo.
Essa descoberta nos mostra que uma avaliação prévia do perfil psicológico de cada paciente pode nos ajudar a decidir pelo tratamento que fará com que o paciente se adeque melhor, trazendo mais benefícios para a saúde e evitando a interrupção dos cuidados.
Por fim, além dos fatores que cabem à equipe médica observar, como os que falamos acima, o apoio social (família, amigos, trabalho, etc) também influencia positivamente no tratamento e enfrentamento da doença, pelos pacientes com IRC.
Na Nefroclínica, trabalhamos com uma equipe de médicos nefrologistas, nutricionistas e psicólogos, para promover um tratamento integral, que abranja todos os âmbitos da vida de cada um de nossos pacientes, a fim de tornar o tratamento dialítico muito mais leve.
Se você convive com alguma pessoa que tenha insuficiência renal crônica, ofereça o suporte necessário e auxilie a família ou equipe médica a adequar os tratamentos, para que o paciente tenha mais qualidade de vida, diminuindo os riscos de apresentar depressão ou outros transtornos mentais, que poderão influenciar na piora física.